SXSW | Conectando a Amazônia escondida com o mundo

O que você vai ler aqui:

Este texto traz o resumo do painel aberto por Fernando Meirelles no SXSW Conference 2019. Nele, o cineasta apresentou o projeto que promete conectar a Amazônia com o mundo.

Por que é importante?

O mundo caminha a passos largos para um colapso. Nessa perspectiva, o projeto de Fernando Meirelles nos impele a uma tomada de consciência sobre consumo responsável e modelos de negócio sustentáveis.

 

Você consegue imaginar um paralelo entre a Amazon e a Amazônia? Foi exatamente com essa comparação que Fernando Meirelles, cineasta brasileiro mundialmente conhecido com o filme Cidade de Deus (2002), abriu um emocionante painel no evento mais importante sobre inovação, o SXSW 2019.

Pode parecer estranho, mas a comparação provoca uma reflexão urgente sob o ponto de vista de consumo responsável, desenvolvimento econômico, biodiversidade, preservação e, sobretudo, de conexão.

Qual o ponto de comparação?

Imagine que enquanto uma oferece, para todo o mundo, uma grande variedade de produtos a um clique de distância, a outra enfrenta desafios enormes para que seus produtos tenham competitividade e cheguem às pessoas. Desigual, não acha?

Agora, vamos pensar mais amplamente. Você deve se lembrar da história da Tony’s chocolonely, que contamos aqui no Brand Ideas, certo? Tirando a parte do trabalho forçado, podemos dizer que é mais ou menos o que acontece, por exemplo, com o açaí na Amazônia, porém a causa está associada à falta de integração dos produtores e à falta de adaptação dos processos produtivos à realidade local.

Na tentativa de desatar esse nó, Fernando Meirelles, em parceria com a O2 Filmes, desenvolveu um audacioso projeto de conexão da Amazônia com o mundo. E, dentro dessa perspectiva, apresentou esse projeto no palco do SXSW 2019.

O projeto de Fernando Meirelles

Apesar de existirem iniciativas que visam a proteção e o desenvolvimento econômico da região por meio de seus produtos, tudo acaba acontecendo, ainda, de forma isolada, sem muita sinergia.

É nessa fenda da conexão que surge a UNI, uma rede online de união dos povos da floresta. Um território digital da Amazônia. A UNI (em inglês, lê-se You and I) é uma plataforma baseada em três pilares:

Comunicação

Por meio da criação de perfis em redes sociais que fazem com que essas comunidades, suas histórias e projetos ganhem uma nova projeção.

Conexão

Que estimula a inter-relação entre as comunidades, projetos, empresas, crowdfundings e todos aqueles que se interessam pela economia e pela preservação da floresta.

Conhecimento

Que ganha vida por meio da realização de workshops, intercâmbios e dicas de conteúdos pertinentes ao assunto.

O resultado é o processo

Isabel Sobral, sócia-diretora da FutureBrand, que esteve presente no SXSW 2019, conta que o painel, em si, foi emocionante. Mas, o que comoveu mesmo foi a participação de Rogério e de Claudinete. Dois quilombolas, que nunca tinham saído do seu território, dando testemunho prático do quão poderoso aquele projeto, apresentado ali, no palco do SXSW, era, de fato.

Ambos viram que, finalmente, as questões de desenvolvimento e da preservação da Amazônia tomavam um novo lugar de discussão. Não se tratava de mais uma proposição de ideias, sem resultados perceptíveis.

Em parceria com o Google, a UNI realizou uma série de workshops de capacitação digital com o intuito de habilitar os membros das comunidades para o exercício de mapeamento das próprias regiões. Rogério, que nunca tinha visto um computador na vida, despontou como o melhor aluno.

Claudinete se tornou líder de uma cooperativa empreendedora com uma fala para lá de verdadeira. “Se a floresta morrer, não morrerei só eu. Morreremos todos.”

A presença dos dois no SXSW 2019 fazia toda aquela exposição transcender o escopo de um simples projeto. Naquele palco, Fernando Meirelles apresentava, portanto, os resultados de uma atitude de conexão entre todas as iniciativas e entre todas as comunidades.

A preservação da Amazônia é urgente

O recado de Claudinete, somado ao projeto de Meirelles, acabou sensibilizando toda a plateia em relação à manutenção da floresta e, consequentemente, da sua enorme biodiversidade.

Isabel Sobral sublinha que as chuvas que caem nas regiões sudeste, sul e centro-oeste do Brasil, aquelas que irrigam nossos campos e que fazem com que o agronegócio do Brasil prospere (o mesmo agronegócio que tanto insiste em desmatar a floresta), são provenientes de rios voadores. Rios voadores são massas colossais de vapor que se formam na Amazônia por meio da evapotranspiração das árvores e que se deslocam levando bilhões de litros de água pelo céu até essas regiões. Esse fenômeno é fundamental para evitar a desertificação de todas essas áreas.

Isso nos alerta sobre um grande desafio: enxergar a questão da preservação da Amazônia de maneira holística. Significa que o que fazemos, nossas escolhas, o consumo desenfreado e todas as pequenas atitudes do dia a dia implicam, necessariamente, no todo. Esse todo de que fazemos parte e do qual tanto dependemos.

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