SXSW | A qualidade dos relacionamentos e o sucesso das marcas

O que você vai ler aqui:

A importância do relacionamento em nossas vidas. A fusão das vidas pessoal e profissional e como isso impacta na maneira como nos relacionamos. Os aspectos que moldam os relacionamentos 
(e geralmente geram ruído) nos dias hoje e co04mo eles podem ajudar a fortalecer ou enfraquecer os negócios.

Por que é importante?

Construir e manter relacionamentos saudáveis no trabalho é cada vez mais importante para o êxito profissional, para o desempenho dos negócios e para o sucesso das marcas. Assim, entender as dinâmicas contemporâneas que afetam os relacionamentos se torna essencial para os profissionais dos novos tempos.

A qualidade dos nossos relacionamentos determina a qualidade das nossas vidas

Até pouco tempo, a habilidade de cultivar bons relacionamentos era encarada como algo de menor importância em grande parte das organizações. Elas que sempre apostaram no desenvolvimento técnico de seus colaboradores — da contratação a cursos de aprimoramento — agora passam a enxergar valor nas chamadas soft skills.

Esther Perel, uma das mais respeitadas psicoterapeutas do mundo, palestrou no palco do SXSW 2019 sobre a importância de construirmos bons relacionamentos para alcançarmos o sucesso em nossas vidas pessoal e profissional, bem como nos negócios.

Daniel Alencar, sócio-diretor da FutureBrand, assistiu à palestra no SXSW 2019 e destaca que todas as experiências que vivemos ao longo de nossa trajetória pessoal e profissional são determinantes para a maneira como nos relacionamos hoje. Elas criam a lente pela qual enxergamos o mundo, os desafios e, claro, as pessoas. Elas também moldam nossas necessidades, expectativas, motivações e ambições.

Vida pessoal e trabalho são partes inseparáveis de nossas vidas

Se antigamente falávamos em não levar os problemas do trabalho para casa e os problemas de casa para o trabalho, hoje há uma consciência cada vez maior de que isso é impossível e, talvez, até não saudável.

Para Daniel, a adoção de novas ferramentas de comunicação confunde os protocolos e as barreiras que separavam o pessoal do profissional. Hoje, levamos o trabalho para casa com a mesma facilidade com que resolvemos assuntos pessoais no trabalho. Com isso, o nosso emocional é constantemente influenciado por estímulos de ambas as naturezas. “Nós não nos tornamos pessoas diferentes quando entramos em nosso escritório”, argumenta Perel. É preciso entender as pessoas como indivíduos — em todas as suas dimensões.

Somos seres relacionais

A dinâmica profissional atual, independentemente do ramo, exige uma faculdade emocional e um senso de relacionamento enormemente apurados, como nunca antes exigiu. Para fluir em ambientes competitivos e ambíguos, é fundamental:

  • estabelecer conexão com os outros;
  • inspirar e sentir confiança;
  • superar desentendimentos;
  • evitar conflitos;
  • estimular a colaboração.

Nunca, na história da humanidade, habilidades como essas foram tão definitivas para o sucesso das marcas.

Vivemos grandes revoluções no relacionamento

Em sua palestra, Esther explica como esses movimentos influenciam nossas relações, tanto em casa quanto no trabalho.

Novas e maiores expectativas

Nunca antes esperamos tanto dos nossos parceiros e do nosso trabalho. Nosso desejo mais íntimo é de que tanto o parceiro(a) quanto o trabalho preencham as nossas necessidades emocionais, nos completem pessoal e profissionalmente e nos ajudem a encontrar o melhor de nós mesmos.

O léxico da vida pessoal invade o mundo corporativo e o do mundo corporativo, a vida pessoal

Procuramos e avaliamos nossos parceiros com ferramentas de gestão. “Será que ele(a) entrega tudo que eu preciso? Qual é a sua proposta de valor? E o custo de oportunidade?”

Por outro lado, nunca falamos tanto em empatia, solidariedade, colaboração, amizade, companheirismo e confiança em situações corporativas. Nunca antes nossas emoções tiveram um papel tão central no trabalho.

A migração de uma economia de produção para uma economia de serviços

Se antes o sexo cumpria uma função prática e objetiva, hoje ele está relacionado ao prazer e ao fortalecimento de vínculos. O mesmo raciocínio cabe no ambiente profissional. Antes, o trabalho era fundamentalmente uma fonte de renda. Hoje, buscamos satisfação pessoal, propósito e nosso lugar no mundo. Nosso trabalho constrói nossa identidade.

Como melhorar nossos relacionamentos?

Existem alguns aspectos fundamentais em todos os relacionamentos. Trazê-los à consciência ajuda a aumentar nossa inteligência relacional — chave pra uma vida mais saudável e equilibrada. Para abrir o debate sobre o tema, Daniel destaca alguns aprendizados a partir da palestra.

Sentimentos paradoxais

Todo ser vivo, todo relacionamento, toda organização, todo sistema encaram sentimentos paradoxais entre:

  • comprometimento vs liberdade;
  • estabilidade vs mudança; e
  • coletivismo vs individualidade

Existe certo e errado? Quando somos mais um lado e quando somos mais o outro? Encontrar o equilíbrio em relação a essas questões poderia ser tema para horas de reflexão. Perceber e respeitar como os outros lidam com essas dualidades pode ser ainda mais desafiador. 

Autoconsciência e responsabilidade

Quando analisamos a relação das pessoas com a responsabilização, é possível perceber dois estereótipos: aqueles que acreditam que nada é culpa deles — é sempre de alguém ou de algum fator externo — e os que parecem colocar toda a responsabilidade sobre seus ombros. Sentem-se culpados por tudo que acontece, mesmo quando não estão diretamente envolvidos. Ambos compartilham a mesma dose de narcisismo. 

Autonomia e interdependência

Existem também dois perfis antagônicos quando observamos o papel dos relacionamentos na vida das pessoas.

Para o primeiro, relacionamentos são centrais. São eles que nos sustentam. São pessoas que acreditam em lealdade e colaboração.

Já para o segundo perfil, relacionamentos são periféricos. Eles se veem no centro, acreditam que estão sozinhos neste mundo e que ninguém irá ajudá-los. Acabam fazendo tudo sozinhos, pois acreditam que ninguém poderia fazer tão bem quanto eles. Portanto, têm dificuldade em delegar.

Enquanto o primeiro perfil está preocupado em compatibilizar pra manter as pessoas em torno de si, o segundo prefere se manter autossuficiente.

Gestão de conflito e comunicação

Em toda relação, existe uma comunicação explícita e uma implícita, e nem sempre o que se fala (explícito) é coerente com a intenção e com os reais desejos (implícito). O que está por trás da fala pode ser reunido sob três temas.

  • Poder e controle. De quem são as prioridades que importam?
    Quem toma as decisões?
  • Proximidade e suporte. Eu tenho o seu apoio? Estamos juntos nisso?
  • Reconhecimento. Estou sendo valorizado? As pessoas apreciam minhas contribuições?

Para Daniel, as relações são fundamentais para o sucesso das marcas. Elas influenciam diretamente a capacidade de as organizações entregarem suas propostas de valor. Negócios com relações fluidas e transparentes possuem maior alinhamento de esforços, maior agilidade para colocar seus projetos em prática e maior capacidade de reter e atrair talentos.

Mas, nesse sentido, as organizações têm um longo caminho a percorrer. É preciso conscientizar as pessoas sobre o impacto de suas atitudes, estabelecer o senso de confiança e romper as barreiras do egocentrismo.

[A questão da crise de confiança foi outro tema abordado no SXSW 2019, que trouxemos aqui para o Brand Ideas.]

Relações são ciclos de ação e reação

É comum acreditarmos que o problema dos relacionamentos mora no outro, mas, na verdade, relacionamentos são ciclos — virtuosos ou viciosos. Cada iniciativa ou cada resposta é um estímulo para a uma reação. Então, se você quiser mudar sua relação com o outro, comece por mudar a si mesmo. O seu sucesso e o sucesso da marca para a qual você trabalha dependem disso.

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