Dois meses atrás, em Biarritz, França, os líderes do Grupo dos Sete (G7) se reuniram com mais de 30 grandes marcas e varejistas da indústria da moda, a fim de assinar um pacto global para combater a crise climática. O tema, no entanto, não era novo: no começo deste ano, trouxemos ao BrandIdeas a discussão de uma das palestras do SXSW Conference 2019, sobre a importância da frente de sustentabilidade nesse segmento.
À moda antiga
O mundo da moda, que sempre esteve na vanguarda no que se refere à definição de tendências e atualizações, parece estar, pela primeira vez, sendo guiado por uma agenda global, e isso não acontece por acaso. Aliar a influência dessa indústria à agenda política tem o potencial de alavancar grandes progressos no que tange às mudanças climáticas. Mas isso só ocorrerá, é claro, se as marcas de moda realmente abraçarem seu papel como agentes catalisadores de mudança.
Hoje em dia, algumas marcas, como a H&M e a Zara, já estão reforçando códigos de sustentabilidade, como energia renovável, fontes sustentáveis e desperdício zero. Mas essas são as práticas sobre as quais até o mundo dos bens de grande consumo (FMCG, na sigla em inglês) já fala há anos. É um passo positivo e muito importante, mas evidencia a oportunidade que esse segmento está perdendo de causar um impacto realmente profundo, mais envolvente e duradouro na área da sustentabilidade.
A influência da indústria
As marcas de moda são influentes porque as pessoas facilmente entendem, se relacionam e desejam os valores por elas preconizados, e as roupas fazem parte do nosso dia a dia. Também por conta disso, liderando mudanças, a indústria da moda sempre foi capaz de influenciar outros setores.
Estamos falando, aqui, da oportunidade de tornar o debate sobre sustentabilidade e mudanças climáticas muito mais empolgante e envolvente, fazendo com que a questão pareça genuinamente desconfortável e urgente, mas também sexy e rebelde.
Pippa Nordberg, diretora de Estratégia da FutureBrand, afirma: “Somente a partir de uma abordagem mais moderna e inovadora é que a indústria dará esse impulso e, em troca, agregará mais valor às suas marcas.”
Enxergar a oportunidade
A crise global do meio ambiente oferece à indústria da moda a oportunidade de, mais uma vez, reformular as definições tradicionais de beleza. Ao ancorar na sustentabilidade os conceitos de moda, o segmento pode dar seu tão esperado reset, além de criar um precedente a ser seguido por outros setores.
Além disso, existe também uma crescente pressão por parte dos financiadores para que as marcas da indústria da moda adotem verdadeiramente um compromisso com a sustentabilidade. Como prova de que investimentos éticos podem gerar impacto positivo, importantes players, como o fundo global BlackRock, apoiam cada vez mais essa abordagem.
A Inditex é um bom exemplo do potencial dessa oportunidade. A empresa controladora da Zara e da H&M teve um desempenho particularmente bom no FutureBrand Index de 2018 — índice que relaciona as 100 maiores empresas da PwC Global por força da percepção da marca. Ao compararmos seu score financeiro com o seu desempenho em percepção de marca, fica claro que a associação dela às questões ambientais é uma forte alavanca de crescimento em direção ao futuro.
Artigo adaptado de Futurebrand.com – It’s time for fashion brands to lead the charge in sustainability, de Pippa Nordberg.
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