As marcas no terreno dos eSports

Não é novidade que o Brasil é um país que se destaca por sua paixão pelos esportes. Mas talvez você não saiba que temos a terceira maior audiência mundial quando se trata de eSports; 7,6 milhões de espectadores brasileiros assistem, mais de uma vez por mês, a conteúdos profissionais desse segmento. A indústria de games, que vem se destacando na economia mundial, também começa a impactar uma nova audiência de millennials brasileiros e a atrair a atenção de grandes marcas.

O eSport, ou esporte eletrônico, é a modalidade de competição profissional de jogos eletrônicos. A primeira competição esportiva eletrônica de que se tem notícia aconteceu nos Estados Unidos, mais precisamente na Universidade Standford, na década de 1970. De lá para cá, o eSport vem se desenvolvendo de forma cada vez mais intensa e organizada. Diversos países já regulamentaram o eSport como esporte e alguns, como a Coreia do Sul, passaram a reconhecê-lo como profissão.

Atualmente, além da Ásia, a prática é popular na América do Norte e na Europa. Entre os jogos de maior sucesso estão League of Legends, Counter-Strike, DotA 2 e Starcraft.

Visibilidade

Os torneios de eSports são disputados on-line, presencialmente ou em formato misto. No formato presencial, são preparadas arenas para abrigar os times e a torcida. Nesses eventos, os atletas são premiados com títulos e altos valores em dinheiro. Um campeonato de Dota 2 chegou a pagar US$ 25,5 milhões de prêmio em 2018. 

Os torneios se popularizaram a partir de 2010 e passaram a lotar estádios em suas etapas presenciais. De acordo com a Confederação Brasileira de eSports, em 2014, o League of Legends World Championship atraiu 40 mil espectadores no Seul World Cup Stadium, na Coreia do Sul. E, no Brasil, em 2015, o jogo levou mais de 10 mil torcedores ao Allianz Park, e outros 10 mil foram ao Ginásio do Ibirapuera em 2016. Quando se fala em audiência, os números ficam absurdamente mais expressivos, chegando a picos de 14,7 milhões de torcedores assistindo ao mesmo tempo.

Esses números só são possíveis graças às transmissões dos jogos via canais de streaming, como YouTube e Twitch. Mas a modalidade já vem atraindo a atenção de canais de TV como a ESPN, que, em 2017, ampliou sua cobertura para os esportes eletrônicos.

Influenciadores 

Jogadores de eSports estão se tornando verdadeiras celebridades milionárias. São conhecidos tanto por seu desempenho nos times internacionais, quanto por sua atuação envolvendo marcas e seguidores nas redes sociais. O brasileiro Gabriel “FalleN” Toledo, paulista de 27 anos, tem mais de 900 mil seguidores no Twitter e é um dos mais admirados jogadores de Counter-Strike.

O estrelato não se restringe somente aos e-gamers de grandes times, muitos influenciadores fizeram fama como comentaristas e fazendo streaming. É o caso do streamer e jogador profissional Tyler Ninja, norte-americano de 26 anos que acumula números estratosféricos de audiência na internet. O jogador despertou o interesse de grandes marcas como a RedBull, que chegou a montar uma estação de treino só para ele; quebrou um recorde da Twitch ao disputar contra o cantor de rap Drake e chegou a aparecer em um comercial do Superbowl, em 2018, ao lado de outros jogadores.

eSports – um negócio rentável

O crescente sucesso e adesão aos eSports se reflete também na economia. O nicho apresentou crescimento maior do que a média em alguns países e, no Brasil, tem faturamento previsto para 43,7 bilhões de dólares até 2021, de acordo com estudo promovido pela consultoria Pwc.

O Brasil é o terceiro país no ranking de entusiastas de eSports no mundo, ficando atrás somente de China e Estados Unidos, de acordo com pesquisa da NewZoo.

Estima-se que, até 2020, o país tenha cerca de 30 milhões de espectadores da modalidade, o que nos consolidaria como um dos potenciais mercados mais lucrativos para a comercialização de jogos eletrônicos, consoles e periféricos.

Os investimentos no setor vêm por meio de grandes marcas de esporte e tecnologia, atletas e clubes esportivos. A categoria também movimenta sites especializados em apostas, que disponibilizam sessões nos torneios de League Of Legends e Fifa, entre outros. Estima-se que, em 2019, pela primeira vez, os eSports devem bater US$ 1 bilhão de faturamento global.

Marcas patrocinadoras

O interesse das marcas pelo mercado de eSports cresceu bastante nos últimos anos. Seja patrocinando times, jogadores, streamers ou em publicidade, já é possível ver grandes marcas figurando nos banners de transmissão e nos trajes dos times durante os campeonatos. Listamos algumas marcas que despontaram nesse nicho.

Vivo

No Brasil, a Vivo é a marca de investimento mais expressivo no nicho dos games. Ela patrocina o time Keyd Stars, que, em 2017, renovou o contrato por mais dois anos e, após um rebrand, passou a se chamar Vivo Keyd. O investimento inclui os quatro times do clube: League of Legends masculino, Counter-Strike masculino e feminino e Clash Royle (mobile). A empresa também patrocina times no Chile (Kaos Movistar) e na Espanha (Movistar Riders) por meio da marca Movistar.

Coca-Cola

A empresa patrocina times e torneios com sua submarca Coke eSports. Além de ter um clã em Clash Royale, apoiou a final do 2º split do CBLoL 2017 e campeonatos mundiais de Smite e Vainglory em 2018.

RedBull

A marca realiza, há alguns anos, o Red Bull Player One, torneio que reúne players profissionais e jogadores amadores de League of Legends, no Brasil e em outros países. A empresa também já teve uma equipe de LoL, promove torneios de CS:GO e patrocina a equipe OG eSports de Dota 2.

Dell

Uma das principais categorias que investem nos eSports é a de tecnologia. A Dell fechou parceria com a Team oNe garantindo a mudança da equipe de CS:GO para o cenário norte-americano.

OMO

Pela primeira vez no mercado de esportes eletrônicos, a marca de sabão da Unilever se tornou patrocinadora do time INTZ E-SPORTS, finalista do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL). 

Oportunidades

Já falamos aqui no BrandIdeas sobre como as marcas podem se relacionar com a Geração Z. Nesse sentido, os eSports dialogam com os consumidores do futuro: tanto com os millennials, quanto com os post-millennials. Ambos os produtores e os receptores desse conteúdo de nicho partem de gerações próximas, o que facilita a identificação entre os espectadores e os emissores, tornando imenso o poder de impactar a audiência.

A relação construída entre o gamer e a audiência é emocional e de proximidade, já que a interação é constante, facilitada pelos canais digitais de comunicação. O acesso às celebridades e ao mainstream ajuda na construção de senso de comunidade e fortalece o engajamento do público.

No Brasil, já são 11,4 milhões de espectadores de eSports, quase a metade da audiência na América Latina, que é de cerca de 23,7 milhões pessoas, com uma média de faturamento de US$ 696 milhões em 2017. Gianlucca Segato, da FutureBrand São Paulo, acredita no eSport como oportunidade de negócio: “O segmento tem números expressivos de audiência. Acredito que, especialmente no Brasil, as marcas ainda não encontraram a maneira ideal de se inserir nesse nicho, que oferece uma interessante oportunidade comercial”.

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