Antigamente, uma marca podia guardar os seus segredos tal qual uma caixa-preta. Para quem estava do lado de fora, restava a versão editada e filtrada da empresa, e cabia aos consumidores acreditar ou não naquele modelo apresentado.
Cuidado com o telhado de vidro
Hoje em dia, com o excesso de informações, colaborações e compartilhamentos, as marcas se tornaram o que o Trendwatch chama de glass boxes. Os consumidores passaram a questionar o que as marcas dizem e começaram a buscar por referências com amigos, familiares e colaboradores de dentro das empresas. Isto é, quem está do lado de fora, agora, pode ver tudo o que se passa lá dentro: os processos, os valores, o DNA da organização. O que interessa é a vida real, sem edições.
Ou seja, vivemos na era da transparência. A marca, as pessoas, os processos, tudo está superexposto. O que acontece dentro de uma empresa é visto, percebido e interpretado o tempo inteiro. E é nesse contexto de partilha de experiências que se destaca a Love Mondays, plataforma on-line lançada em 2014, que reúne resenhas e avaliações anônimas de colaboradores sobre as organizações, revelando detalhes sobre o ambiente profissional, os salários e os benefícios. A plataforma recebe atualmente cerca de 5 milhões de usuários por mês e acaba de ser integrada à Glassdoor, portal que reúne ofertas de vagas. Além de continuar divulgando o ranking de marcas mais bem avaliadas, a junção dos sites vai possibilitar uma busca mais completa e detalhada sobre as empresas.
Um excelente lugar para se trabalhar
O sucesso de uma marca depende do seu capital humano. Nesse artigo do BrandIdeas, ressaltamos como a incoporação da diversidade por parte das empresas é capaz de gerar melhores resultados, tanto financeiros, quanto de marca.
Também, o envolvimento dos colaboradores com os valores, metas e projetos é o que garante à empresa uma percepção positiva por parte dos clientes. Equipes desmotivadas e mal gerenciadas apresentam baixo desempenho, alta rotatividade e podem até acarretar o fracasso de um negócio.
Tudo isso ressalta a importância de se pensar a employer branding, ou marca empregadora. O conceito, bem como seu nome sugere, propõe a construção da reputação de uma marca. Porém, diferente do branding tradicional, o enfoque não está no público consumidor, mas nos atuais e potenciais colaboradores. São eles que irão contribuir para a credibilidade e a construção da imagem positiva da marca no mercado de trabalho.
Uma organização que investe em sua marca empregadora atrai profissionais talentosos, mais alinhados e comprometidos. Ou seja, o employer branding precisa ser visto como uma decisão de negócios, que permitirá à empresa montar um time mais estratégico, inovador e de alto desempenho, tornando a marca mais competitiva no mercado.
EVP – Proposta de Valor para o Colaborador
Dentro desse contexto, talvez o conceito mais importante seja o de EVP (Employer Value Proposition). Assim como a lógica de se pensar estrategicamente uma marca deu origem à marca empregadora, o EVP é semelhante à proposta de valor de um produto ou serviço.
Ou seja, se as marcas, com o objetivo de gerar valor ao cliente, definem tão minuciosamente como vão diferenciar seus produtos dos concorrentes, por que não fazer o mesmo quando se trata do que é oferecido aos seus colaboradores?
Conhecendo melhor a sua empresa
Antes de partir para aplicação do EVP, é preciso, porém, fazer um diagnóstico da sua empresa: quais são as suas forças e fraquezas? A sua marca oferece um salário competitivo? É muito importante conhecer os seus colaboradores: como eles avaliam o seu negócio? A sua empresa oferece algum diferencial? De que maneira você motiva sua equipe? Por que seus colaboradores gostam de trabalhar para você? Que diferencial seus concorrentes oferecem aos funcionários? O que mais atrai os candidatos para sua empresa? Seu discurso está em constante atualização? A marca está sendo percebida como desejado?
Vale ressaltar que é recomendado que esse diagnóstico seja feito por uma equipe neutra, de fora da empresa, para que o resultado não seja distorcido ou tendencioso.
Como é feito um bom EVP?
Listamos um conjunto de aspectos que pode colaborar para a atração e retenção de bons profissionais. São eles:
Plano de carreira
Todo colaborador busca se desenvolver e crescer em sua trajetória profissional. É importante que sua empresa ofereça um plano de carreira estruturado e que incentive o profissional a se qualificar. Esta é uma das bases de um bom EVP.
Ambiente de trabalho saudável
Um bom ambiente de trabalho influencia positivamente as decisões dos colaboradores. Neste ponto, é fundamental a habilidade do gestor em contribuir para a construção de um ambiente respeitoso, amigável e que preze pela colaboração e pelo entendimento.
Remuneração satisfatória
Esta é outra importante base do EVP. É imprescindível que o colaborador receba um salário compatível com a função que desempenha. Desta forma, ele irá se sentir valorizado e tenderá a permanecer por mais tempo na empresa.
Treinamentos e capacitações
Além de estimular o colaborador a se desenvolver, os treinamentos o capacitam a desempenhar um trabalho mais qualificado.
Reputação positiva
Definir as bandeiras do seu negócio e aplicá-las no cotidiano da empresa é crucial para uma boa reputação, assim como incentivar a ética, a responsabilidade social e o respeito à diversidade entre os colaboradores.
Outros benefícios
Plano de saúde, vale-refeição, vale-transporte, convênio com academias, bonificações e viagens são vistos como excelentes benefícios e podem atrair novos talentos.
Busque se diferenciar também para dentro
No mercado de trabalho, o que distingue uma marca de outra é a qualidade do EVP oferecido aos seus colaboradores atuais e futuros. Não é difícil perceber que a empresa que tiver o melhor EVP atrairá os profissionais mais bem qualificados e, consequentemente, terá maior vantagem competitiva no mercado — o que também irá refletir na satisfação e na fidelidade dos consumidores.
Com o EVP, a empresa reduz a rotatividade, se aproxima da equipe e aumenta o engajamento. Colaboradores engajados produzem mais, promovem a marca e seus valores, além de colaborar para a construção de uma reputação positiva.
É importante ressaltar que, assim como o propósito de uma marca, para que o EVP funcione, ele deve ser vivenciado no dia a dia, refletindo na cultura, nas relações e nos valores da marca. Quando falamos de marca empregadora, é essencial que o discurso encontre a prática e seja percebido como genuíno.
Tags: cultura, EVP, marca empregadora