Personalização e minimalismo: para onde caminha o mercado da beleza?

A indústria da beleza vem adotando novos caminhos para se adaptar às demandas do mercado. O consumidor está mais exigente e criterioso em suas escolhas, e isso impacta diretamente a maneira como as marcas se comportam, conforme falamos no artigo O futuro da beleza já chegou.

Extraímos do relatório O Futuro da Beleza, do BrandIdeas, algumas opiniões de especialistas sobre beleza para que você compreenda um pouco mais este o assunto. Acompanhe a seguir.

Um mercado consolidado e emergente

O mercado da beleza, mesmo consolidado, continua em forte crescimento. No Brasil, o mercado de estética cresceu 567% nos últimos 5 anos, passando de 72 mil para mais de 480 mil profissionais, de acordo com a pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). O segmento se tornou um dos mais promissores do país e se mantém economicamente forte, independentemente da sazonalidade.

O setor tem muitos participantes, desde grandes corporações internacionais a pequenas marcas de nicho. É uma indústria que se renova incessantemente e que mantém sempre a porta aberta para novos negócios. Atualmente, uma das principais tendências é a chegada de marcas com um único foco, especializadas em determinados temas e que buscam atrair clientes que desejam essa abordagem e tratamento diferenciados.

Jean-Christophe Jourde, presidente da Estée Lauder France, acredita que “Há muita força por trás das marcas emergentes no mercado, que criam novas categorias e carregam consigo muita experiência. Estamos vendo uma dinâmica hipersegmentada. Essas marcas são a razão pela qual o mercado é tão dinâmico.

A inovação pode se apresentar no posicionamento de mercado, no DNA de uma marca e, sobretudo, por meio de novas fórmulas e embalagens diferenciadas.

A empresa norte-americana Estée Lauder identificou que a luz azul emitida pelos computadores e celulares afeta a pele diretamente e, a partir de estudos, desenvolveu uma fórmula que protege a pele dos efeitos nocivos e ainda a rejuvenesce.

Marie Drago, fundadora da Gallinée, uma marca londrina de beleza que escolheu o nicho do microbioma para se diferenciar, defende que “precisamos repensar totalmente a maneira como criamos produtos de beleza e, em especial, o uso de conservantes, FPS, perfumes, surfactantes, emulsificantes etc.”.

A Prose, marca de cuidados capilares personalizados, solicita o CEP do consumidor para acessar os dados abertos de localização e fazer uma previsão para os dois meses seguintes, a fim de adaptar a fórmula do produto especialmente para aquele cliente, considerando a geografia do local onde mora, o clima, entre outros fatores.

Em sua contribuição, a Diretora de Marketing do Blue Sea Laboratories, Carmen Asencio, acredita que a maior ruptura no setor de beleza foi a introdução da inteligência artificial (IA), que permite o desenvolvimento de produtos personalizados e aprimorados. Ela destaca, ainda, a personalização e a migração para ingredientes naturais.

Consumidores sustentáveis

Os consumidores estão cada vez mais cautelosos, mais conscientes, demandando mais transparência das marcas. Querem saber o que estão colocando na pele, de onde veio o produto e se ele impacta negativamente o meio ambiente.

As pessoas estão mais independentes e buscam mais informações nas redes sociais, o que fortalece a tendência de pulverização da influência. Se antes quem ditava o comportamento eram apenas as celebridades e influenciadores, agora o consumidor também se tornou referência — principalmente na indústria da moda.

A Prose, marca de cuidados capilares personalizados, procura devolver o vínculo emocional e uma experiência personalizada a seus clientes. Boa parte dos produtos que o setor de beleza produzia era destruída porque não estava sendo vendida e porque algumas empresas não conhecem bem seus clientes. Diante desse cenário, a marca reduziu o desperdício de um setor cuja média é 20% a 40% para apenas 2%, e defende que o seu modelo é melhor para o consumidor e também para o planeta.

Como exploramos nesse artigo do BrandIdeas, o mercado consumidor exige acolhimento e representatividade por parte das marcas, e é importante que a resposta seja genuína, verdadeira. Estamos mais críticos e não apoiamos discursos que não se sustentem na prática.

Na indústria da moda, isso não é diferente. Jaime Castle, Presidente da Obagi, reforça a importância da inclusão como um pilar de marca: “Iniciamos um programa para colocar o Braille em nossas embalagens. Temos uma mulher de 21 anos com síndrome de Down como uma das embaixadoras de nossa marca para dialogar com essa comunidade. Como líderes do setor, precisamos fazer com que mais pessoas se sintam incluídas.”

O fato é que consumidores estarão dispostos a pagar mais por produtos e serviços que melhorem a sua saúde e não agridam o meio ambiente.

O destino da beleza

A inteligência artificial, o avanço da personalização de produtos, receitas mais minimalistas. Os cinco especialistas entrevistados no relatório O Futuro da Beleza traçam um destino tangível para o mercado da beleza.

Os consumidores buscam por uma horizontalização das marcas, querem dialogar sem intermediários, portanto, a linguagem deve ser expressa em termos simples, sem tecnicismo. A tecnologia deve ser acessível e descomplicada, como o espelho inteligente que reage em uma loja. Isso aproximará e reduzirá a desconfiança com as marcas.

O cofundador da Prose, Arnaud Plas, acredita que futuramente a informação trará ainda mais independência para as pessoas. “Talvez o próximo estágio das marcas seja com consumidores que fabriquem seus próprios produtos e compartilhem sua receita na internet.”

Marie Drago, da Gallinée, segue a mesma linha e também acredita na evolução de uma beleza renovável ou na beleza doméstica, em que produtos não serão mais transportados em tubos nem conterão mais água. “Eu acredito que um pequeno tubo de plástico cheio de água provavelmente não será o padrão, e que, no futuro, ele dará lugar à beleza sólida, aos pós, sprays, cremes etc.”

A Diretora de Marketing do Blue Sea Laboratories, Carmen Asencio, reforça a tendência dos produtos naturais e da saúde aliada ao bem-estar, incentivados principalmente por uma mudança no público-alvo. “Haverá uma maior população envelhecendo que precisará ser atendida. Isso é inevitável, e o setor de cosméticos terá de se adaptar e oferecer produtos especializados voltados aos clientes acima dos 60 anos. Eles se tornarão a principal prioridade do setor de cosméticos, e não mais o mercado de clientes entre 35 e 50 anos.”

A marca Prose acredita que dados ainda mais específicos permitem a criação de produtos ainda mais personalizados. Por exemplo, ao inserir sensores nas escovas de cabelo dos consumidores, seria possível ter informações atualizadas diariamente.

As marcas estão se tornando cada vez mais sustentáveis e responsáveis, reduzindo os plásticos e as embalagens. Num futuro próximo, a tecnologia será indispensável e trabalhará junto à biologia, respeitando cada consumidor e seu microbioma. O resultado desse conjunto de fatores será a inclusão de mais pessoas no processo, seja cocriando os produtos junto às marcas, seja escolhendo produtos que conheçam o seu código genético e produzam soluções personalizadas.

O estudo aprofundado você encontra no relatório O Futuro da Beleza, do BrandIdeas. Clique aqui e acesse.

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