O varejo pós e-commerce

O surgimento dos e-commerces trouxe uma nova percepção sobre a maneira como consumimos. Esse novo modelo de negócios enfraqueceu o modelo tradicional, quando se pensa em varejo e indústria. Ele mudou os hábitos de consumo da sociedade e forçou uma readaptação da alternativa já existente, o varejo físico.

O varejo está morto?

“Physical retail isn’t dead — boring retail is!” (O varejo físico não está morto — o varejo está chato!). Esta frase de Steve Dennis, articulista da revista Forbes, já esteve presente em outro artigo e reforça exatamente esse contexto: o varejo não vai acabar, mas está passando por um complexo processo de transformação. 

Dinâmico, adaptável e menos oneroso, o comércio digital conquistou rápido a atenção de grandes e pequenas empresas. A facilidade de logística, o alcance a novos mercados sem a necessidade de lojas físicas em todo o país, o menor custo operacional, as equipes reduzidas e o preço competitivo dos produtos atraíram consolidadas redes varejistas para o ambiente virtual. O consumidor, por sua vez, desvinculou o ato de comprar do ato de ir à loja e escolheu a internet como o seu principal canal de compras.

O comércio digital e a limitação sensorial

Existem, no entanto, muitos desafios ao comércio digital. Um deles é a disputa pela atenção do consumidor, que é maior na internet. Isso gera às empresas a necessidade de serem percebidas e de se posicionarem na mente de seus públicos.

Grandes e pequenas marcas competem pelo público no mesmo nicho, por vezes, com produtos similares. Mesmo com o suporte de uma boa estratégia, boas ferramentas, conteúdos relevantes e de alta qualidade, convencer o cliente sobre os atributos de um produto pode ser desafiador.

Como vender roupas e sapatos sem que o cliente possa provar o tamanho, sentir a textura e o caimento no corpo, além de conhecer o acabamento e a qualidade das peças? Ou comercializar cosméticos e perfumes sem que o consumidor possa sentir o cheiro e o toque dos produtos na pele? Essas são barreiras que ainda provocam desconfiança e interferem na decisão de compra. 

A reinvenção do varejo

Daniel Alencar, sócio e diretor da FutureBrand São Paulo, afirma que “Agora, o varejo físico não precisa ter mais a obrigatoriedade da venda; isso o meio digital já faz bem. Ele pode ter o papel de promover a experiência e de conquistar o consumidor, investindo em um ambiente convidativo, com menos produtos e atendimento qualificado.

O próximo passo para o varejo físico será o de fuga da superficialidade digital, buscando conectar os consumidores a algo mais profundo, que instigue a imaginação e traga à tona o inesperado. A fusão de arquitetura, design e marketing permite que as lojas se comportem como novas ferramentas de interação, que incentivam o despertar dos sentidos e as novas sensações, além de integrar pessoas ao ambiente. Os representantes das marcas, como os atendentes, devem transmitir a personalidade da empresa, expressando atenção, cuidado e informações qualificadas. Esse novo varejo devolverá ao consumidor o papel de explorador e, com isso, o prazer da descoberta. 

As experiências dos Guide Shops

Na maioria dos segmentos, é possível encontrar um player reinventando a forma de fazer varejo, trazendo inovação para os seus produtos. No Brasil, algumas marcas já se destacam por reforçar em seus espaços físicos o papel da experiência. Conheça algumas delas!

Amaro

A marca de moda feminina contemporânea, em parceria com a FutureBrand, passou por um reposicionamento que a direcionou ao desenvolvimento de 13 Guide Shops nas maiores capitais do Brasil. Os centros de experiência permitem que a consumidora conheça de perto os produtos e prove as peças selecionadas. Diferentemente de uma loja comum, a cliente faz as compras e recebe o pedido em casa. Ela pode, também, retirar as compras ou devolver produtos no Guide Shop mais próximo. Neste modelo, o valor da loja não está na receita que ela gera individualmente, mas sim na construção de uma experiência de marca conveniente e memorável.

Dengo

A Dengo, marca de chocolates baiana, nasceu com a missão de combinar prazer e propósito. Suas receitas levam cacau brasileiro e menos açúcar. Pequenos e médios produtores fornecem o cacau orgânico, que é cultivado de forma consciente e sustentável, gerando riqueza e mantendo a conservação da floresta. Suas 17 lojas espalhadas pelo país carregam a essência da marca e permitem que o consumidor tenha uma experiência sensorial inesquecível. Em ambientes aconchegantes e receptivos, o cliente é convidado a provar os chocolates e escolher as embalagens. A ideia desses espaços é a de regressar à origem do mercado, proporcionando uma experiência de compra a granel.

O varejo além da compra e venda

As empresas digitais não transformaram apenas o varejo online. As marcas compreenderam que era preciso personificar a sua presença também nos espaços físicos, imprimindo sua personalidade e seus valores. O varejo físico passou a fazer parte de uma história que se deseja contar, tornou-se parte da estratégia de relacionamento, que não se inicia nem se encerra nas lojas, mas que se constrói tanto no on como no offline. O público, cada vez mais exigente, vai demandar que essas lojas ofereçam experiências sociais, como eventos e imersões. E é assim que esses espaços irão consolidar experiências que vão além da relação de compra e venda.

 

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